sábado, 26 de junho de 2010
Inapagável Apego
Apesar desta distância que nos tolhe
E da falta de teus braços, que me esfriam
Eu te afago tatuada na memória
E o fogo que respondes acaricia...
Teus olhos sagitais inda me atingem
E me fingem uma anti-última alegria...
Altair de Oliveira, In: O Lento Alento.
Ilustração: Corada de Beleza II, de Peter Max
Certidão do Caos
Num arfar espásmico de gozo
vi luzir o teu ruflar de crinas
na beleza enfática dos anjos
no espanto estético dos sinos...
Num suplício trágico de último
vi giraram rápidos planetas
derretendo as cento e trinta tintas
que banhavam minha alma acesa.
Altair de Oliveira – In: O Embebedário Diverso
Ilustração: "Anjo de Coração", de Peter Max.
sábado, 5 de junho de 2010
***
AO FIO DA MEADA
Queremos do mesmo sonho
e não sabemos
buscar urgentes e unidos
o mesmo prêmio
Que ponha fim ao cansaço
que escadeira
e esclareça o real,
tão obsceno!!!
O que castre o poder
daqueles que atrofiam
e que desintegre as idéias
que aprisionam
e que ponha à procura
os que esperam...
Mas que faça encontrar
os que procuram.
E que traga a colheita
aos que cultivam
para que tudo entre todos
se reparta
até que nas mesas fartas
falte a fome...
e a vontade de rir
assalte as caras.
Altair de Oliveira – In: “Curtaversagem ou Vice-versos”.
Ilustração: o mural "Guerra", de Cândido Portinari.